'Big Science' na floresta
26/05/14 14:22SE ALGUM DIA você estiver sobrevoando a Amazônia ao norte de Manaus, com alguma sorte, poderá observar estruturas semelhantes a estas acima, emergindo do dossel de uma floresta na Carolina do Norte. Vistas de longe, não dão muita pista sobre o que podem ser. Seriam vestígios de alguma antiga civilização avançada que habitou a região? Algum sinal de presença extraterrestre na região?
Essas torres ordenadas em círculos são certamente prova de que há vida inteligente ali, mas de um tipo mais trivial: cientistas tentando entender como funciona a floresta. No ano que vem, entrará em operação o primeiro conjunto de torres do experimento Amazon Face, que tentará descobrir como o excesso de gás carbônico atmosférico (o CO2, que hoje causa o efeito estufa) afetará a vida da mata.
Não é uma questão simples. Apesar de o efeito estufa ser a causa do aquecimento global, que levará mais secas à Amazônia, o CO2 em si serve como alimento para plantas. Ele pode permitir que elas ganhem mais massa, mesmo num clima onde as chuvas serão mais escassas, e ajude as árvores a enfrentarem o estresse hídrico.
No experimento, torres como as mostradas acima servirão para bombear CO2 sobre conjuntos restritos de árvores e ver como elas se saem comparadas a outras sob menor concentração do gás, conforme explicamos em reportagem publicada no mês passado. O experimento, o primeiro do tipo em uma floresta tropical, passou uma década de planejamento e só agora recebeu confirmação de financiamento (US$ 11 milhões) para sua fase inicial, bancada sobretudo por recursos públicos federais e estaduais.
Outra parte do orçamento sairá do BID (Banco Inter-Americano de Desenvolvimento). Alguém pode se perguntar por que uma instituição que financia projetos econômicos e sociais está ajudando a bancar um experimento de ciência básica. A resposta está na quantidade de projetos de infra-estrutura –sobretudo hidrelétricas– que o banco costuma fomentar na região. A saúde da floresta, que corre o risco de ressecar e virar savana sob o aquecimento global, é de interesse vital para o desenvolvimento regional: sem árvores a floresta não reteria a água necessária para mover turbinas de tantas hidrelétricas.
SECAS E QUEIMADAS
Mas mesmo um mega-experimento como esse não é suficiente para elucidar a questão. Tentativas de simular o futuro da Amazônia em computador indicavam inicialmente a savanização era algo a se temer, mas agor os melhores modelos computacionais sobre a dinâmica da floresta parecem pender para o outro lado. Para resolver esse dúvida, o resultado do Amazon Face precisará ser analisado em contraposição a outros projetos. São experimentos importantes, que ressecaram trechos de floresta propósito, feitos nas florestas nacionais de Caxiuanã e do Tapajós, ambos no Pará. E grandes experimentos de incêndios florestais, como o realizado na fazenda Tanguro, em Mato Grosso, também serão importantes.
O clima amazônico, afinal, não deverá revelar de maneira fácil os segredos sobre seu futuro. Como ainda é impossível realizar um experimento de grande escala que produza ao mesmo tempo aumento na concentração de CO2 e escassez hídrica, quem tentará fornecer respostas sobre o risco de savanização serão os próprios modelos computacionais, realimentados com informações dos próprios experimentos.
Além disso, como a floresta é um sistema complexo, não necessariamente os efeitos da mudança climática sobre esse a Amazônia podem ser replicados em pequenos pedaços de floresta, como aqueles que abrigaram os experimentos de ressecamento e o Amazon Face. Para isso, pesquisadores devem continuar estudando em diversos pontos da floresta o fluxo de água, gás carbônico e outras substâncias da mesma forma que o LBA (Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia), o maior projeto de pesquisa em ecologia da região, que reinou impávido na ciência amazônica durante duas décadas. O projeto espalhou diversas de suas torres de medição de fluxo de gases por toda a Amazônia, e parte da infraestrutura usada ainda pode ser aproveitada.
MEGA-TORRE
Mais pesquisas de monitoramento devem agregar dados para responder à questão da mudança climática na floresta, porém. Em 2015 também deve finalmente começar a deslanchar para valer o projeto Atto (Amazon Tall Tower Observatory), que sofreu um certo atraso. A ferramenta central dessa iniciativa será uma torre de 320 metros –quase o dobro da altura do Edifício Itália– a 133 km de distãncia de Manaus. O projeto vai monitorar a atmosfera amazônica com um recorte vertical sem precedentes, e permitirá observações num raio de mais de 1.000 km.
O entusiasmo investido em todos esses projetos de ‘Big Science’ agora –além do dinheiro– reflete de certa forma a urgência com que é preciso estudar os efeitos do desmatamento e da mudança climática na Amazônia. Dados mais relevantes sobre a região como os coletados pelo LBA, por exemplo, levaram mais de 20 anos para produzirem um conhecimento mais relevante. O Amazon Face, por sua vez, está programado para durar 12 anos. Se cientistas demorarem muito mais para tentar entender o que acontecerá com a Amazônia –e se o mundo tiver de enfrentar os piores cenários previstos para o aquecimento global–, corremos o risco de ver os fatos atropelando as previsões.
Eu queria entender como a concentração de 400 ppm de CO2, pode ser o responsável pelo aquecimento do planeta.
O Aquecimento Global provocado pelo homem ja foi mais do que comprovado. Sugiram que assistam as aulas do professor Carlos Henrique de Brito explica como funciona o efeito estufa e suas consequências , no canal do Youtube da Vunesp. O que vem acontecendo é que uma pequena parcela de negacionistas esta sendo financiados pelas empresas e países produtores de petróleo, para a duvida manter os governos na inação contra o Aquecimento Global .Pois a solução é investir em fontes renováveis de energia
Amazon Face, Amazon Tall Tower Observatory, LBA (Large-Scale Biosphere Atmosphere Experiment in Amazonia)… Já sabemos que fará bom uso destas informações que serão bancadas por nossos recursos públicos federais e estaduais.
Henrique, o CO2 é um gás capaz de reter uma parcela do calor proveniente do Sol, logo com capacidade de alterar a temperatura do planeta.
uma velha anedota conta que um cidadão dos EUA, muito empreendedor, resolveu vender laranjas na esquina; as pessoas pediam que fosse mais prático e ele passou a vendê-las descascadas, como algumas estragavam após algum tempo ele usou com o lucro todo, ate então obtido, para criar uma embalagem que garantisse a integridade da laranja descascada, não conseguiu e antes de falir decidiu que a melhor embalagem para a laranja é a própria casca. Gastar bilhões para descobrir o óbvio: o melhor para a floresta é não ser desmatada!
Rafael, mas essa concentração não muito pequena para provocar um efeito tão grande?
A água e o CO2, que existem em pequenas quantidades na atmosfera, são responsáveis (por serem moléculas de três átomos) pelo efeito estufa natural que evita, junto com a massa inercial térmica dos oceanos, que a noite a superfície da terra congele. Um aumento de 40% na concentração do CO2 tem um efeito cascata neste sistema não-linear.
Assista as aulas do professor Carlos Henrique de Brito explica como funciona o efeito estufa e suas consequências , no canal do Youtube da Vunesp. O grafico que relaciona concentração com capacidade de reter calor é exponencial. Ou seja um pequeno aumento de concentração, provoca um grande aumento de capacidade de reter calor .
Se derrubarem a floresta Amazônica, em 20 ou 30 anos ela estará de pé novamente. Ali chove por conta da posição geográfica (Zona de Convergência InterTropical). A vegetação influencia em uma escala local.
Se amanhã ela não existisse, as chuvas iriam diminuir no Centro-Sul brasileiro, devido as ZCAS, ZCOU etc. Mas muito pouco, até porque as chuvas no Centro-Sul são oriundas principalmente em decorrência de sistemas frontais e de instabilidades tropicais.