Pequeno glossário IPCCês-português
12/04/14 07:01A ÚLTIMA GRANDE reunião para a confecção do 5 relatório de avaliação do IPCC (painel do clima da ONU) termina hoje em Berlim, e tudo indica que será em clima de certo desânimo. O tomo do grupo de trabalho 3 da entidade, que fala de cortes de emissão de gases-estufa e outras formas de mitigação do aquecimento global, não traz notícias nada boas.
Em reportagem sobre a abertura do encontro, delineamos o conteúdo do “sumário para formuladores de política” do relatório, com base em uma cópia do documento que vazou para a imprensa há alguns meses. O texto final desse documento é o que será definido hoje, após representantes de governos debaterem o conteúdo os autores do relatório.
As conclusões principais do documento, que dificilmente devem mudar, possuem certo tom derrota. Enquanto o quarto relatório do IPCC, de 2007, se dedicou em grande parte a delinear o que seria preciso fazer para evitar um aquecimento médio de 2°C do planeta, o relatório atual reconhece tacitamente que praticamente já não há tempo para tal.
O LIMITE DE 2°C
A obsessão dos estudiosos do clima com esse limite –ou seja, o acréscimo de 2°C na temperatura média do planeta em relação à que existia na era pré-industrial– é compreensível. Existe um consenso razoável de que além disso, é provável que a mudança climática afete em algum grau cada aspecto de nossa economia: água, saúde, produção de alimentos, ocupação da terra, energia, crescimento econômico e até segurança.
O IPCC afirma que seu relatório “não recomenda metas específicas de mitigação, mas avalia as opões disponíveis”. É importante o painel esclarecer que não pretende interferir em decisões dos governos e reconhecer a soberania de quem tem mandato para tal. Mas, na prática, sua mensagem aos governos é algo como: “esta é nossa última chance, e só há um caminho a seguir”.
CONCENTRAÇÃO DE CO2
Esse caminho significa cortar emissões rápido para manter a concentração de CO2 abaixo de 480 ppm (partes por milhão) no final do século. Já estamos em 400 ppm, e subindo rápido, o que torna isso uma missão praticamente impossível, porque o dióxido de carbono se acumula na atmosfera com grande rapidez. Mas é só nesse caso que o evitar o aquecimento perigoso se torna um objetivo “provável”. Falando em IPCCês, isso quer dizer uma chance maior que 66%.
Uma outra opção,–mais arriscada mas um pouco mais realista, dado o andar da carruagem– é segurar a concentração abaixo 530 até 2100. Isso faz com que a chance de ficar abaixo dos 2°C seja “mais provável do que improvável”, ou seja, maior que 50%. Isso seria equivalente a definir o futuro do clima terrestre no cara-ou-coroa. É ruim, mas aparentemente é o melhor que seremos capazes de fazer. Mesmo assim, não poderíamos exceder o limite de 530 ppm em nenhum momento deste século, mesmo que o baixássemos depois.
O PREÇO
O IPCC determina até mesmo um preço para tal. Seriam precisos US$ 147 bilhões por ano de investimento em energia renovável até 2030, e “várias centenas” de bilhões investidos em eficiência energética. É caro, mas levemos em conta que os prejuízos de uma mudança climática acentuada seriam muito maiores, como sugere o relatório do grupo 2 do IPCC. É o mantra “mitigar é mais barato que adaptar”. O valor de US$ 147 bilhões também não inclui o “desconto” que receberíamos por cortar US$ 30 bilhões anuais de investimento em combustíveis fósseis.
Na prática, em termos de quantidade de CO2 jogada no ar, esse investimento serviria para reduzir as emissões globais de 40% a 70% antes de 2050. Isso nos dá a impressão ilusória de que temos tempo suficiente. Na conta do climatólogo americano Michael Mann, porém, se negligenciarmos o problema, temos a possibilidade de selar a ruína de nosso sistema climático já em 2036.
O (DES)ACORDO
A parte mais desanimadora da história é que qualquer uma das opções de corte listadas acima requer um esforço maior do que aquele empenhado atualmente nas negociações globais para o próximo acordo do clima. No novo relatório há uma crítica ao “Compromisso de Cancún”, o estagio atual das negociações de um possível acordo global para reduções de emissões.
“O Compromisso de Cancún para 2020 é maior do que os níveis de emissão de gases do efeito estufa vistos nos cenários que atingem concentrações de CO2 entre 430 ppm e 530 ppm em 2100 sob os menores custos globais”, afirmará o IPCC amanhã cedo, se esse trecho do relatório vazado não for modificado. O painel também alerta que o Compromisso de Cancún “corresponde a cenários que explicitamente adiam a mitigação até 2020 ou além”.
O relatório divulgado amanhã, porém, trará um conteúdo muito maior do que a discussão de metas de emissões. Ele separa todos os cenários de emissões por setores da economia e por grupos de países. Isso deve tornar mais organizada a tarefa de projetar planos nacionais e um eventual acordo global para corte de emissões. Mas a mensagem principal continua sendo a de impor limites ao que se pode fazer com o clima do planeta. Essa é uma conta difícil de fazer, e só a estrutura do IPCC pode estabelecer algo próximo de um consenso científico, ainda que a margem de incertezas permaneça alta.
” Na conta do climatólogo americano Michael Mann, porém, se negligenciarmos o problema, temos a possibilidade de selar a ruína de nosso sistema climático já em 2036.”
A conta do Dr Michael Mann é uma conta política e não é baseada em ciência.
Para a conta do Dr Mann se realizar, teria que acontecer isto com as temperaturas mundiais:
http://stevengoddard.files.wordpress.com/2014/03/screenhunter_731-mar-19-10-34.gif?w=1280&h=692
Isto não é crível.
Além do mais, temos que observar a figura comparando as projeções dos modelos com a realidade (figura esta tão bem escondida na nossa mídia):
http://notrickszone.com/wp-content/uploads/2014/04/73-climate-models_reality.gif
Ou seja, os modelos erraram vergonhosamente.
E, seguindo a tendência do plot das temperaturas da primeira figura, o real insight indica uns 20 ou 30 anos de temperaturas planas ou em queda à frente, o que já pode ser visto em um plot dos últimos 10 anos:
http://woodfortrees.org/plot/hadcrut4gl/last:120/plot/hadcrut4gl/last:120/trend
Mas, concordo que o terrorismo climático deve ficar em alta até Paris, em 2015.
O certo é que este relatório baixou bem o tom do alarmismo, quando conparado ao AR4 de 2007. E, isto, corrobora a visão dos céticos: a sensividade dos modelos está exagerada por um fator de 3, no mínimo.
Sds
VIktor
O viktor, sempre citando os mesmos negacionistas profissionais, conhecidos pelas mentiras e fraudes.
Érico, conteste os dados apresentados acima. Não atire nos mensageiros. Conteste a mensagem. Não citei nada mais do que os dados oficiais de temperatura mundial (HadCrut), usados pelo próprio IPCC. Parece-me que o negacionista (uma palavra horrível e carregada de más-intenções) está sendo vc. Mas um negacionista da realidade observada. Caso não tenha condições intelectuais de entender um gráfico ou apresentar um contra-argumento razoável, melhor seria não falar nada.
Sds
Viktor
se cada pais fizer um pouco de empenho,com certeza teremos a volta da natureza,em poucos anos ja notaremos a diferença. Aos poucos tem que sair do papel ja agora.
Como vai, Rafael, tudo bem?
Acredita ser reversível o colapso do planeta?
Pesquisas recentes encomendadas pela NASA chega à seguinte conclusão: as raízes do problema é o crescimento populacional e as mudanças climáticas. Segundo Safa Motessharrei, “o processo de ascensão-e-colapso é, na verdade, um ciclo recorrente encontrado e toda história”.
Outro aspecto importante destacado pela pesquisa é a razão direta encontrada é a razão direta dessa hipótese catastrófica se concretizar em relação ao aumento das desigualdades sociais – fator preponderante para fim de impérios há mais de 5 mil anos.
Ainda segundo a pesquisa, se todos adotasses o estilo de vida americano, seriam necessários cinco planetas terra para o atendimento demanda. “Achamos difícil evitar o colapso
“, afirma Motesharrei.
Para a NASA, o caminho é o controle da taxa de natalidade e diminuição da dependência por recursos naturais.
Numa analogia superficial, o fim das estrelas é marcado com uma grande expansão. De tão grande que ficam, a gravidade faz com que ela se imploda sobre si mesma. O mesmo raciocínio se aplica ao colapso do planeta: de tão grande que ficou, implodirá sobre si mesmo – caso não seja tomada as decisões necessárias para que isso não ocorra.
Nos anos 70 o perigo era a terra esfriar ou por uma suposta guerra atômica ou por emissões de vulcões. Agora a onu fala em aquecimento global. Porque a humanidade sempre esperou o fim do mundo? Além de não acreditar nessas previsões, visto que não se consegue prever se domingo que vem vai chover, acho que a onu tenta mostrar serviços através de previsões catastróficas, ou seja, já que não conseguimos acabar com a fome no mundo, não conseguimos acabar com ditaduras e nem com as guerras, vamos salvar o planeta, afinal como vamos ficar (10 mil funcionários) quando descobrirem que não servimos para nada.
Essas previsões catastróficas não levam em conta a evolução tecnológica, cada vez mais rápida.
Acho errado falar que o aquecimento global levará ao fim do planeta.
Pode levar ao fim da espécie humana, mas não de todas as espécies e nem do planeta.
A Terra continuará a despeito de nós.
E lhe digo mais, Daniel: não será a primeira extinção da vida sobre a Terra, mas a sexta.