O penoso clima de 2013, em vídeo
30/01/14 17:01Um dos exemplos mais incríveis que já vi sobre como opera o clima global é este vídeo acima, produzido pelo climatologista Mark Higgins, da Eumetsat, agência europeia de satélites meteorológicos. O filme é uma composição de dados de satélites com visão infravermelha –que monitoram nuvens de tempestades– e montagens fotográficas do projeto Blue Marble, da Nasa –que mostra a Terra sem nuvens. A junção dos dois bancos de imagem produz um retrato fiel do ciclo anual do clima.
É um retrato fiel de 2013, porém, que não foi um ano muito típico. Segundo a Noaa (agência atmosférica dos EUA), pode ter sido o quarto ano mais quente da história humana. O impacto disso é visível no mapa: no mês de setembro [5m30s], quando a cobertura de gelo no polo Norte chega ao mínimo. Foi o sexto pior derretimento registrado na história.
Outros fenômenos atípicos se destacam no vídeo de oito minutos, notadamente o tufão Haiyan [6m45s], o mais letal da história das Filipinas, com mais de 6.000 mortes contabilizadas até agora. Ainda não há estudos que liguem as temperaturas de 2013 especificamente à formação do Haiyan, mas já existe uma evidência estatística razoável de que o aquecimento global deve elevar o número de tufões e furacões mais fortes.
Mudanças climáticas à parte, é interessante notar também no vídeo os ciclos diários do clima global, visíveis sobretudo pelas nuvens que brotam na linha do equador como se fossem cuspidas por uma maria-fumaça. São as chuvas de fim de tarde de zonas equatoriais. (As nuvens mostradas no vídeo, em razão da detecção infravermelha, são aquelas mais altas e mais frias, o que oferece uma correlação razoável com tempestades.)
Essas nuvens perto do equador a chamada zona de convergência intertropical, onde ventos do sul se encontram com ventos do norte, forçam ar úmido a subir e geram tempestades tropicais. A linha da zona de convergência se move um pouco para o norte no meio do ano [4m05s], em razão da inclinação diferente da Terra em direção ao Sol.
Outro fenômeno fácil de notar é o fluxo de grandes tempestades se movendo de oeste para o leste. O fenômeno é mais visível ao longo do sul dos oceanos, mas é espelhado pelo movimento de outras tempestades, no hemisfério norte.
Essas são tempestades geradas pela ação das chamadas correntes de jato, que trafegam acima da estratosfera. Elas são uma consequência natural da rotação da Terra e do choque do ar aquecido da região tropical com o ar frio das regiões polares.
Por causa da rotação do planeta, esse choque de ar tende a formar tempestades em espiral, que eventualmente evoluem para furacões e tufões, como o Haiyan.
Correntes de jato percorrem os círculos polares numa trajetória ondulada, como uma cobra, uma movimentação possível de ver no vídeo em algumas partes. Esse padrão ondulado permite a penetração de mais ar frio em zonas tropicais e mais ar quente em zonas temperadas, levando a extremos climáticos como a onda de calor do ano passado nos EUA.
Ainda não há, aparentemente, muitos estudos ligando a mudança climática a essas correntes de jato mais onduladas e tortuosas, que bagunçam todo o clima mundial, principalmente no hemisfério norte. Meteorologistas como Jeff Masters, do site Weather Underground, porém, relatam que esse padrão tem sido cada vez mais comum.
Independentemente desse evento específico, porém, é razoável dizer que o aquecimento global já é um fenômeno visível aos satélites. Se o que falta aos céticos da mudança climática é “ver para crer”, uma sequência de vídeos como esse da Eumetsat ofereceria uma baita revelação.
O homem esta se destruindo, e nem almenos percebe que que é puro e simples suicídio.
Olá Rafael,
Acho que vc pegou pesado aqui:
“Segundo a Noaa (agência atmosférica dos EUA), pode ter sido o quarto ano mais quente da história humana.”
Se considerarmos que a história humana começa com o Crow Magnum, então esta história já tem uns 40 mil anos. Ou seja, já até passamos por uma era glacial e seguindo ela passamos pelo Holoceno e pelo Período Quente Medieval e pelo menos no primeiro, as temperaturas foram muito mais quentes do que agora, enquanto no segundo foram tão ou mais quentes.
Já o Tufão Haiyan não foi o mais letal da história. Em 1881 um tufão (sem nome) vitimou cerca de 20 mil pessoas (3 vezes mais que o Haiyan) (http://en.wikipedia.org/wiki/Typhoons_in_the_Philippines). Se consideramos as populações existentes nas áreas de risco em 1881 e em 2013, fica claro perceber a grandeza daquele fenômeno.
Sou cético e gostaria de ver uma imagem que mudasse minha opinião. Esta animação, entretanto, não diz muita coisa, a não ser que tivessemos ela desde 1880 ou algo assim. Mas este tipo de tecnologia é recente na nossa história. As correntes de jato sempre existiram e são elas que tornam a terra “viva”. Caso contrário, a temperatura seria a mesma em todo o globo, ou seja, seriamos mesmo uma “estufa”. Elas sobem e descem de latitude dependendo de fatores ainda não totalmente conhecidos pela ciência. Em 1974 a revista Time publicou que o mesmo fenômeno seria uma evidência de “global cooling”. Agora a Time publicou que seria uma evidência de “global warming”… (http://stevengoddard.wordpress.com/2014/01/07/time-magazine-goes-both-ways-on-the-polar-vortex/)
As temperaturas estão planas há 17 anos e em queda desde 2002, no mínimo. A diferença entre o ano mais quente e o menos quente é de 0,09C… Dias atrás autores chineses demonstraram que os “ajustamentos” que a NOAA faz nas temperaturas podem levar a mais aquecimento (http://link.springer.com/article/10.1007/s00704-013-0894-0). Em regra, a NOAA tem ajustado as temperaturas ao contrário do que deveria ser. Esfriam o passado e esquentam o presente, quando deveria ser o contrário (para tirar o efeito da Ilha de Calor Urbano). Steven Goddard tem denunciado isso sistematicamente em seu blog e os dados e gráficos destes “ajustamentos” estão aqui: http://stevengoddard.wordpress.com/tracking-us-temperature-fraud/
Por fim, ao invés de me impressionar com a imagem, prefiro olhar os dados e, estes, a não ser por alguma anomalia ou outra na precipitação, não mostram nada de anormal:
http://wattsupwiththat.com/reference-pages/climatic-phenomena-pages/extreme-weather-page/
(não atire nos mensageiros acima. As fontes dos dados postados nestes blogs são todas oficiais e linkadas diretamente com quem os coleta.
Sds
Viktor.
Viktor,
Por história, estou me referindo a história escrita. Entaõ consideremos uns 5.000 anos atrás. O período quente medieval não foi tão quente quanto o período atual, conforme mostram as extensões do estudo do taco de hóquei.
Quanto ao Haiyan, não tive o cuidado de pesquisar registros do séc. 19, mas o fato de ter ocorrido um tufão mais letal no passado não invalida a tese de que o aquecimento global traz um risco maior de que a intensidade dos furacões e tufões está subindo em média. Já existe boa literatura científica dando suporte a isso.
O consenso entre os cientistas do IPCC foi bastante claro no último relatório em mostrar que o hiato não é motivo para comemoração.
Eu concordo, porém, que o vídeo do Eumetsat isolado pode não dizer muito ao coração dos céticos. Ela só tem um valor ilustrativo acompanhado de dados sobre o clima de 2013, claro.
Se você quer uma imagem para se convencer do aquecimento global, recomendo o gráfico de médias decadais de temperatura. Está na pág. 27 do Summary for Policy Makers do IPCC. Recomendo a leitura.
Rafael, istro é o que dizia o primeiro relatório do IPCC (1990):
“From the first IPCC report:
There is growing evidence that worldwide temperatures were higher than at present during the mid-Holocene (especially 5 000-6 000 BP), at least in summer, though carbon dioxide levels appear to have been quite similar to those of the pre-industrial era at this time (Section 1 i Thus parts were a few degrees warmer in July during the mid- Holocene than in recent decades (Yoshino and Urushibara, 1978, Webb ct al 1987, Huntley and Prentice, 1988, Zhang and Wang 1990) Parts of Australasia and Chile were also warmer. The late tenth to early thirteenth centuries (about AD 950-1250) appear to have been exceptionally warm in western Europe, Iceland and Greenland (Alexandre 1987, Lamb, 1988) This period is known as the Medieval Climatic Optimum China was, however, cold at this time (mainly in winter) but South Japan was warm (Yoshino, 1978) This period of widespread warmth is notable in that there is no evidence that it was accompanied by an increase of greenhouse gases.”
Depois, em 2001, a ciência foi corrompida pelo “Taco de Hockey”, um dos artefatos mais controversos e questionáveis já elaborados até hoje (hide the decline, mike nature-trick …). Parece que depois de aparecer no relatório de 2007, ele foi retirado deste último (antes tarde do que nunca).
O Gráfico com médias decadais é outro artefato elaborado apenas com o objetivo de esconder que as temperaturas estão planas há 17 anos (em em queda no mínimo há 10).
Este trecho abaixo é do último relatório:
“- “Current datasets indicate no significant observed trends in global tropical cyclone frequency over the past century … No robust trends in annual numbers of tropical storms, hurricanes and major hurricanes counts have been identified over the past 100 years in the North Atlantic basin.”
– “In summary, there continues to be a lack of evidence and thus low confidence regarding the sign of trend in the magnitude and/or frequency of floods on a global scale.”
– “In summary, there is low confidence in observed trends in small-scale severe weather phenomena such as hail and thunderstorms because of historical data inhomogeneities and inadequacies in monitoring systems.”
– “Based on updated studies, AR4 [the IPCC 2007 report] conclusions regarding global increasing trends in drought since the 1970s were probably overstated.”
– “In summary, confidence in large scale changes in the intensity of extreme extra-tropical cyclones since 1900 is low.”
”
E esta tabela do link abaixo, também:
http://bishophill.squarespace.com/display/ShowImage?imageUrl=/storage/ar5T12.4.jpg?__SQUARESPACE_CACHEVERSION=1380746813865
O resto, é propaganda, ativismo, alarmismo e climatismo.
Sds
Nada melhor do que uma figura:
http://www.climatedata.info/resources/Temperature-/00-Alternative-temperature-reconstructions.gif
Note, em magenta, como o IPCC via as temperaturas do passado até 1990. Note, na mesma figura sobreposta, como ele “passou a ver” nos anos seguintes.
É necessário dizer que Jones e Mann são membros do “Hockey Team” e os e-mails do climategate (http://tomnelson.blogspot.com.br/p/climategate_05.html) mostraram como e com que objetivo os “hockeys” foram elaborados.
Mesmo a reconstrução de Monberg mostra o Periodo Quente Medieval mais quente.
O Hockey Stick é uma ilusão
http://en.wikipedia.org/wiki/The_Hockey_Stick_Illusion
e não é digno de ser citado por um jornalista científico que se preze.
Sds
E, para quem ainda acredita em modelos, e acredita que modelos são “ciência”, vai aqui este pequeno artigo publicado na Nature Climate Change, que comprova que de 117 “predições” de temperatura feitas por modelos na década de 1990, 114 erraram.
http://www.see.ed.ac.uk/~shs/Climate%20change/Climate%20model%20results/over%20estimate.pdf
Isto mesmo. O pessoal exagerou no aquecimento (mas mantiveram os fundos para “pesquisa” fluindo). E, os atuais céticos, que até meados de 1990 colaboravam com o IPCC cansaram de dizer isto. Até que eles tiveram que pular do navio para não passarem por corruptos também. Hoje eles são atacados de todas as formas pelo baixo clero da “ciência do clima” e seus simpatizantes. Foram penalizados por não serem alarmistas.
Sds
Viktor,
O aquecimento global é comprovado por dados, não por modelos. As projeções dos modelos sempre vão ter um desvio e estão sendo aprimoradas aos poucos. As barras de erros para a forçante radiativa, por exemplo, foram revistas no último IPCC. O importante é que esse paper que você mostra não tenta argumentar nenhuma vez que o aquecimento passado medido no último século seja inconsistente com a ação antropogênica. Simplesmente porque ele é consistente, dentro das precisões inerentes às medições.
Mas, Rafael, eu nunca neguei que a temperatura pode ter subido 0,7C ou algo assim desde 1880. Os céticos também não negam. O que ainda se discute, é quanto desde aquecimento se deve à ação antropogênica (E quanto será no futuro ao dobrar a concentração de CO2). Ninguém sabe. Se disser que sabe, está “chutando”. Pode ser metade ? como diz o IPCC, “pelo menos metade do aquecimento desde 1950 é devido à ação humana.” Eu ainda duvido, pois os dados de temperatura de superfície estão altamente contaminados pelas ilhas de calor urbano. Além disso, os dados tem sido continuamente ajustados (“homogeinização”, dizem…) ao contrário do que deveria ser. Ou seja, esfriam o passado e esquentam o presente. Assim, lendo as conclusões do relatório do IPCC deste ano (acima), não vejo motivos para ficar alarmado. Todos os indicadores do clima estão normais.
Sds
O aquecimento global, se entendido como um aumento contínuo da temperatura média da Terra não significaria que 2013 deveria ter sido o ano mais quente e não o quarto? Se antropogênico pior, pois o CO2 continua crescendo ano após ano. Mas já temos cerca de 15 anos de relativa estabilidade da temperatura média, ainda que alta.
Carlos,
O aquecimento global se dá dentro de um cenário de variabilidade natural do clima. A temperatura atmosférica oscila normalmente, mas a faixa dentro da qual ela oscila está aumentando. Já houve outros periodos de estabilidade de curto prazo dentro da tendência de longo prazo do aquecimento global, mas a tendência de longo prazo é claramente de aumento. A temperatura medida em uma escala maior, década a década, por exemplo, mostra claramente que a tendência é de subida.
Rafael, de fato estava ou esteve subindo, mas partindo de uma época especialmente fria, no século XVIII. Há 5000 anos esteve mais quente. Os modelos, que guiam a histeria do aquecimento futuro, não preveem nenhuma estabilidade. Portanto não são lá muito confiáveis. Os grupos de cientistas que acham que a principal influência é a atividade solar vêm a atual estabilidade natural. Se a atividade solar continuar tão fraca deveremos ter uma diminuição de temperatura. O chato é que os efeitos de qualquer das hipóteses (antropogênica ou solar) se dá em décadas e a discussão é feita como se pudesse haver respostas imediatas. Seja qual for a causa, não devemos poluir o planeta, por muitas outras razões. Se fossemos consequentes estaríamos vaiando o pré-sal e reclamando por maior apoio ao pró-álcool.
Carlos
O capítulo 5 do IPCC tem uma boa revisão sobre a anomalia climática daquela época –uns 7.000 anos atrás, na verdade–, quando mal havia civilização. As últimas reconstruções indicam que aquele período foi 0,7°C mais quente do que a nossa era pré-industrial. Hoje nós já chegamos em 0,5°C a mais, e os modelos indicam que dificilmente ficaremos abaixo de 2,0°C até o fim do século. Os números mais pessimistas falam em 5,5°C a mais. Então, não dá para dizer que no meio-holoceno foi tudo bem e que podemos desencanar de mitigação do aquecimento agora. O resfriamento médio de lá até aqui vinha sendo pequeno, gradual e lento, por isso mesmo uma elevação brusca como a de agora é motivo para se alarmar.
interessante que nos anos 90 o ipcc não previu o hiato do aquecimento global
como podem se arvorar em fazer previsões para daqui a 30 ou 50anos?
tudo bem que aja aquecimento,mas saber o ritmo e se a principal causa é solar ou humana ainda é uma questão em aberto,exceto para os fanáticos
Se temos aquecimento ou não, vale a pena o risco das nossas ações ?