Por que parar (de pensar)?
08/01/14 08:01PSIQUIATRAS JÁ SABEM há algumas décadas que uma das melhores maneiras de prevenir as consequências de lesões cerebrais e doenças com o mal de Alzheimer é nunca parar de exercitar a mente. Pessoas que mantém o cérebro ativo –sempre envolvidas em algo que que requer o uso do corpo, da inteligência e da comunicação– sofrem menos dano em suas funções cognitivas quando se veem diante de um problema desses.
Apesar de existir evidência clínica mostrando esse fenômeno, porém, o mecanismo por trás dele ainda é alvo de discussão. Será que o cérebro é como um músculo, que aguenta pancadas mais duras quando está mais forte e mais bem exercitado? Talvez as pessoas com células cerebrais mais interconectadas sejam mais robustas simplesmente porque a informação cerebral toma vias de comunicação alternativas quando uma conexão importante é destruída.
Essa hipótese pode ajudar a explicar a razão pela qual mentes ocupadas são menos prejudicadas pelas demências cerebrais, mas um outro fator parece ser primordial. Um estudo mostrou agora que, se queremos comparar o cérebro com um músculo, a melhor analogia é a flexibilidade do órgão, e não sua força.
Em um experimento com camundongos, cientistas alemães mostraram que animais num ambiente que proporciona atividades diversas preservam melhor sua plasticidade cerebral: a capacidade de alterar o padrão de conexões entre neurônios. O estudo reforça a noção de que essa “flexibilidade neuronal”, que tipicamente fica restrita a bebês e crianças, pode ser estendida até a vida adulta, desde que o indivíduo não pare de estimular seu cérebro.
O novo estudo, liderado pela neurocientista Franziska Greifzu, da Universidade Georg-August, de Göttingen, na Alemanha, deu um exemplo concreto disso. Para investigar o fenômeno, ela comparou camundongos mantidos em gaiolas comuns (que ofereciam apenas comida, água e leito) com outros que eram mantidos em ambiente enriquecidos. Essas outras gaiolas eram equipadas com apetrechos como rodas de exercício, labirintos e aberturas para interagir com outros animais –um verdadeiro parque de diversões para roedores.
Após criar 110 camundongos em diferentes condições, os pesquisadores induziram um derrame cerebral nos animais. Os roedores que haviam crescido no ambiente enriquecido sofriam menor perda de plasticidade visual.
No experimento, a plasticidade era medida com um procedimento em que os animais usavam um tapa-olhos por alguns dias. Quando o cérebro mais plástico se depara com esse tipo de privação visual, neurônios que antes processavam apenas informação do olho tapado passam a ser recrutados para trabalhar para o olho que permaneceu ativo, aprimorando a capacidade visual que restou ao animal.
Esse processo, porém, não foi visto com frequência nos camundongos habitantes de gaiolas-padrão. A não ser que eles fossem jovens, com quatro semanas de idade, sua plasticidade ocular era fraca. Entre os camundongos adultos (com mais de nove semanas de vida), só os habitantes das gaiolas enriquecidas tinham neurônios mais propensos a se reorganizar para compensar a ausência das células cerebrais que morreram no derrame. Em um contexto clínico, é isso o que acontece com o cérebro de pacientes que, por exemplo, conseguem voltar a falar mesmo depois de perderem partes do córtex cerebral responsáveis por processar a linguagem.
Os roedores que haviam perdido essa capacidade após uma infância sombria numa caixa sem graça, porém, não estavam eternamente condenados. A gaiola rica em atividades foi capaz de restaurar a plasticidade mesmo tardiamente, ainda que com alguma limitação.
Em seu estudo, publicado ontem pela revista PNAS, Greifzu e seus colegas descrevem como os as moléculas GABA e AMPA, dois neurotransmissores, atuam na preservação da plasticidade em nível celular. As principais consequências práticas do estudo, porém, talvez não sejam no desenvolvimento de medicamentos. A neurocientista sugere que um plano de atividades seja levado seriamente em conta no tratamento de pessoas sob risco de sofrer danos cognitivos por motivos diversos.
Caberá aos clínicos que adotarem a dica criar “ambientes enriquecidos” para pessoas. Para começar, será preciso: trocar as rodas de exercício e os mini-labirintos por livros e salões de jogos. Mas não deve parar por aí. Manter a mente ativa, claro, é importante por muitos outros motivos que não apenas a prevenção de demências. Nossa capacidade de aprender e nossa sanha de agir, afinal, são parte daquilo que nos torna humanos. Mas se estudos como o de Greifzu estimularem a psiquiatria a valorizar mais as atividades e a integração social dos idosos (e das potenciais vítimas de problemas cognitivos), já terão cumprido um papel importante.
Não basta manter uma mente ativa, é preciso tomar cuidado com o que ocupamos nossas mentes, pois muitos distúrbios psiquiátricos, em particular a depressão, são provenientes justamente de indivíduos com QIs mais elevados, os quais por serem perfeccionistas demais, fazem auto críticas de si mesmos, bem como não são humildes o bastante para aceitar críticas dos outros, por se acharem sempre os donos da verdade
Livre Pensador, quais as fontes em que você se baseou para tecer este comentário? QIs elevados, perfeccionistas demais, auto-críticas, não são humildes (?????????????????). Você não entende nada de depressão meu caro. Informe-se por favor.