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por Rafael Garcia

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A nova gripe aviária vai chegar ao Brasil?

Por Rafael Garcia
13/08/13 07:01

Principais corredores de migração de aves do mundo (Imagem: “Shorebirds”/Thompson & Byrkjedal)

CONVERSEI ONTEM com Edison Durigon, professor da USP, virologista com vasta experiência em zoonoses que ocasionalmente contamimam seres humanos. Na década passada, o biólogo foi um dos articuladores do sistema brasileiro de monitoramento do vírus da gripe aviária H5N1, patógeno que nunca chegou aqui e acabou esquecido pelas autoridades sanitárias. O vírus que está preocupando mais os epidemiologistas agora, porém, é outro: o H7N9, que já matou 43 pessoas na China. Perguntei a Durigon se esse vírus pode chegar ao Brasil, e sua resposta foi ao mesmo tempo reconfortante e apavorante.

“Pode acontecer, mas não vejo uma possibilidade alarmante de o H7N9 chegar até aqui numa ave migratória”, disse o pesquisador. “O que eu vejo é um risco de esse vírus se adaptar para transmitir de humano para humano, e depois causar uma pandemia.”

Durigon explica que, para chegar até o Brasil numa ave migratória, será preciso que um animal de rotas asiáticas chegue ao Alaska e passe o vírus para aves de rotas americanas. Essa outra espécie de ave desceria então até a América do Sul no verão austral (veja mapa acima). Em outras palavras, o Brasil é o último ponto de parada do vírus no circuito mundial de aves migratórias, e dificilmente o vírus seria encontrado aqui antes de os Estados Unidos detectarem que ele passou por lá.

“Os EUA monitoram por ano cerca de 50 mil aves que chegam lá, e nós aqui não fazemos nem mil”, diz, “É uma amostragem muito pequena.” Apesar disso, não se descarta que o vírus chegem numa ave importada, explica Durigon. “E també existem algumas aves que não são migratórias, mas fazem deslocamentos longos em bando e podem atravessar o Atlântico.”

Apesar disso tudo, o risco de o vírus chegar é mesmo pequeno. E a razão pela qual o governo brasileiro ainda não se alarmou com o H7N9 não é biologica, é econômica.

“Quando o H5N1 representava uma ameaça maior, houve um esforço grande aqui, porque estava todo mundo com medo que o vírus atingisse as aves nas granjas –e o Brasil é hoje o maior exportador de frango do mundo”, conta Durigon. “O índice de mortalidade causado pelo H5N1 é muito alto em aves. Logo se percebe quando ele está presente, porque causa uma perda enorme nas granjas. Já o H7N9 pode passar meio despercebido, porque é muito mais comum que ele resulte em casos assintomáticos.”

Isso é uma coisa ao mesmo tempo boa e ruim. Um vírus mais patogênico tende a matar mais aves (e mais humanos), mas as infecções sem sintomas são muito mais propensas a se espalharem. Além disso, o verdadeiro potencial letal de uma versão mutante do H7N9 não é conhecido ainda, e só agora alguns experimentos deverão avaliar o risco.

Segundo Durigon, o importante por enquanto é ficar em alerta. Se a infecção pelo H7N9 se retomar com mais força do próximo inverno boreal, talvez seja a necessário o Brasil ser um pouco mais proativo no monitoramento dos vírus em aves.

About Rafael Garcia

Rafael Garcia, 37, é colaborador da Folha em Washington (EUA). Formado em jornalismo pela USP (Universidade de São Paulo), foi bolsista do programa Knight de jornalismo científico no MIT (Massachusetts Institute of Technology) e editor-assistente na redação brasileira da revista “Scientific American”.
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  1. Huarrisson comentou em 21/08/13 at 10:10 am

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