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Teoria de Tudo

por Rafael Garcia

Perfil Rafael Garcia é repórter de Ciência.

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Seu cachorro boceja para estranhos?

Por Rafael Garcia
09/08/13 07:01

Seria o bocejo canino uma manifestação de empatia ou mera reação a estresse (Foto: Flickr.com/BarkBud)

ALGUNS EXPERIMENTOS parecem ter sido feitos sob medida para ganhar o Prêmio Ig Nobel, a láurea máxima da ironia científica. O mais recente deles traz importante informação sobre o comportamento de animais de estimação: cães são mais propensos a bocejar quando veem o dono fazendo o mesmo do que quando observam um estranho qualquer bocejando.

O estudo que relata essa estranha peculiaridade canina saiu anteontem na revista PLoS One, assinado por Teresa Romero, da Universidade de Tóquio. Como a maioria dos trabalhos que costumam ganhar o Ig Nobel, é um trabalho que primeiro nos faz rir, depois nos faz pensar.

Romero e seus coautores fizeram um cuidadoso e controlado experimento, recrutando cães e donos com avisos em consultórios de veterinários. Vinte e cinco animais foram submetidos ao bocejo de donos e estranhos enquanto tinham os batimentos cardíacos monitorados, e os pesquisadores concluíram que o contágio de bocejo entre indivíduos com ligação afetiva era três vezes maior do que entre estranhos.

Até aí, nenhuma novidade. O encadeamento de bocejos parece ser um importante elemento de interação social e empatia entre macacos e humanos, e biólogos já especulavam que sse comportamento estava intimamente ligado à evolução de mamíferos sociais. Em outras espécies, porém, o papel do bocejo é incerto. Os próprios cães, por exemplo, não costumam trocar bocejos entre si.

O que teria originado o bocejo na evolução dos mamíferos, então? Alguns estudos reuniram evidências parciais de que nos canídeos o bocejo seria meramente uma reação comum a eventos de estresse, sem uma função comportamental. (É impressionante, aliás, a quantidade artigos técnicos sobre bocejos canídeos que existe por aí.) A questão, de um jeito ou de outro, estava em aberto.

O estudo de Romero, porém, traz uma forte evidência contra essa hipótese, pois o batimento cardíaco dos cães bocejantes não se alterou durante o experimento. Além disso, o fato de o contágio bocejático ocorrer com mais frequência entre cão e dono indica que há um componente importante de afetividade no comportamento.

“Durante a domesticação, cães foram selecionados para prestar ateção em humanos”, escreve Romero. “Portanto, é possível que eles estejam predispostos a reagir mais intensamente, ou até exclusivamente, a sinais sociais humanos do que aos de sua espécie.”

A evolução conjunta de cães e humanos nas últimas dezenas de milhares de anos, portanto, pode ter sido aquilo que fez esses animais terem adquirido uma capacidade rudimentar de empatia.

About Rafael Garcia

Rafael Garcia, 37, é colaborador da Folha em Washington (EUA). Formado em jornalismo pela USP (Universidade de São Paulo), foi bolsista do programa Knight de jornalismo científico no MIT (Massachusetts Institute of Technology) e editor-assistente na redação brasileira da revista “Scientific American”.
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Comentários

  1. Marcio comentou em 09/08/13 at 6:57 pm

    Meu cachorro (na verdade, uma fêmea da raça pug) quando boceja, boceja pra caramba, às vezes chega até a emitir ruídos…rs. E, além disso, ronca. Mas é uma excelente companhia.

  2. Ricardo comentou em 10/08/13 at 12:49 pm

    Talvez o bocejo seja uma maneira do indivíduo comunicar ao grupo que o ambiente estaria seguro para o repouso, ou que seria momento de uma parada para tal.
    Se considerarmos a evolução dos animais sociáveis em meio a predadores: um dependia da vigília do outro para segurança em seu repouso. Uma hipótese para esse acontecimento ser mais susceptível entre indivíduos com ligação afetiva.

  3. Marcia comentou em 10/08/13 at 3:45 pm

    caso meu cão boceje para visitas, eu ascendo um defumador depois 😉

  4. paulo comentou em 13/08/13 at 12:11 am

    kkkkkkkkk é timidez o meu faz isso quando chega alguém perto de mim que ele não conhece.

  5. monlapin comentou em 13/08/13 at 3:16 pm

    Minhas totós foram bem criadas, não falam com estranhos.

  6. Bocejador comentou em 19/08/13 at 2:27 pm

    O dia naquela tarde fria parecia tranquilo e na frente do pc com uma manta nas costas ele lia a matéria sobre o bocejar dos cães. O tal bocejo sem dúvida é contagioso pensou ele bocejando, adiante em um canto da sala em seu tapete o cão bocejou ao gato que retribuiu em seguida, emitindo um longo bocejo. Estranho, o pássaro havia parado o seu canto…ora vejam só, ele também estava bocejando. Bem, vamos parar de bocejar e trabalhar, por favor caro Rafael, acrescente um “e” na frase: “e biólogos já especulavam que sse comportamento estava intimamente ligado à evolução de mamíferos sociais”. Bom bocejo a todos os leitores :))

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