O termômetro e o relógio
11/12/12 07:01UM RELATÓRIO CIENTÍFICO encomendado pelo Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) produziu a melhor imagem que conheço para mostrar o descompasso das diplomacia mundial com a urgência imposta pelo aquecimento global. As cores mostram como diferentes cenários de aumento de temperatura no fim do século se relacionam com diferentes padrões de emissão de gases do efeito estufa.
O estudo que produziu o gráfico tem dois anos, já, mas a imagem continua sendo válida, mesmo após dois anos de negociações na Convenção do Clima da ONU. Quem esperava que esse cenário fosse mudar a partir de anteontem, ao fim da conferência do clima de Doha, no Qatar, acabou se frustrando.
No gráfico, a trilha amarela (que prevê um aumento de menos de 2°C na temperatura média do planeta) é a única considerada aceitável pelos cientistas, que adotam esse valor como limite arbitrário para prevenir uma interferência “perigosa” no clima.
O pequeno retângulo no meio do gráfico mostra como o cenários se correlacionam com as diferentes propostas de redução de emissões (até 2020). Nota-se que a figura não cobre a faixa verde, a meta recomendada pelos cientistas, e nem a amarela, que projeta um aumento de temperatura menos maligno no fim do século, de 2,5°C. Quem esperava que a conferência de Doha fosse mover o retângulo um pouco para baixo, não viu isso acontecer.
Desde 2009, quando a comunidade mundial falhou em sua tentativa de produzir um acordo eficaz para fixar metas de redução na emissão de gases causadores do efeito estufa, o teatro do embaço nas negociações climáticas vem se repetindo, abrindo exceção apenas para alguns soluços de avanço.
A cena se repete a cada ano. Enquanto representantes diplomáticos viram as madrugadas para produzir acordos inócuos, jornalistas se desdobram para estender a cobertura de um evento que termina sem notícia relevante. Ao fim, ambientalistas se debruçam sobre o documento final para tentar enxergar algum sinal de progresso.
Em Doha, aquilo que se vendeu como boa notícia foi a prorrogação do Protocolo de Kyoto, o acordo firmado em 1997 que previa a redução de 5% das emissões dos países industrializados até 2012 (em relação às emissões de 1990). A morte de Kyoto certamente não seria boa notícia, mas sua sobrevivência até 2020 também não sinaliza grande avanço.
No início desta década, já estava bem claro para os cientistas que os esforços previstos por Kyoto são um infinitésimo da redução necessária. Além disso, Kyoto adotou uma fórmula que não deve funcionar no próximo acordo do clima. Ao separar países entre vilões e vítimas do aquecimento global e exigir cortes de emissões apenas dos primeiros, Kyoto afugentou os Estados Unidos da negociação e fez piorar um acordo cuja dimensão já era pífia. Hoje ele serve mais como uma mensagem política por parte dos países preocupados com a mudança climática. Marcar posição, porém, não será suficiente.
A conferência de Doha ocorreu um ano após a de Durban, que terminara com uma declaração relativamente otimista, na qual países fixavam 2015 como o ano limite para terminar a redação de um acordo “legalmente vinculante” para reduzir emissões. Diante dessa perspectiva, esperava-se que, pelo menos, Doha terminasse com o avanço incremental necessário para essa agenda ser cumprida. Não mostrou.
Para evitar o impasse incontornável que se desenharia caso um novo acordo nos moldes de Kyoto volte à mesa de negociação, é preciso que haja um mecanismo para financiar a redução de emissões em países em desenvolvimento. Sobre isso, há um certo consenso. Um avanço que algumas pessoas viram em Doha foi o compromisso de nações desenvolvidas de atingirem repasses de US$ 100 bilhões por ano a países mais pobres até 2020. Quem esperava ver a criação de mecanismos para esse dinheiro fluir, porém, não viu.
Grande parte do impasse se deve a vícios impostos pelo procedimento de negociação adotado na ONU, claro, mas convém dar nomes aos bois. Os EUA, de novo, se esquivaram da obrigação moral que têm de liderar a discussão. Com o Congresso Americano atolado em discussões de política doméstica (desta vez, o abismo fiscal no orçamento do governo), Barack Obama se recusou a gastar capital político para tratar da questão do clima. É improvável que o processo ande nas convenções do clima sem uma ação americana, porque só os EUA seriam capazes de fazer a China se mover.
Em 2009, a desculpa dos EUA para travar a conferência de Copenhague era o debate doméstico sobre a política de assistência à saúde. Depois disso, Obama vem exibindo uma pequena disposição voluntária de atacar o problema, mas sem assumir uma meta internacionalmente a ação ainda é tímida. Há quem acredite que agora as desculpas se esgotaram, e Obama começará a se mover, conforme prometeu. Alguns analistas americanos dizem até mesmo que um imposto sobre o carbono seria uma forma de atacar ao mesmo tempo o abismo fiscal e a alta emissão de CO2 no país.
Se Obama não quiser ser lembrado como um presidente que comprometeu a última oportunidade para um acordo do clima decente, precisa agir rapidamente. Caso as negociações não se acelerem, o que vai acontecer no gráfico do Pnuma é que a faixa verde vai começar a ficar cada vez mais magra, até sumir dentro de menos de uma década. Se a meta global é impedir que o planeta se aqueça em mais de 2°C até 2100, os grandes emissores não podem esperar até 2099 para tomar uma atitude.
Quando os cientistas começaram a alertar sobre o Aq.Gl. As empresas e paises produres de combustiveis fosseis começaram uma campanha de desinformação sobre o aq.gl.. Usando tecnicas de pseudo-ceticismo e o uso de milhares de falácias que formar uma porcentagem da população que duvide da existencia do Aq.Gl. Com isso os governos não sofrem pressão para combater o aquecimento global. Todos sabem que a solução do Aq.Gl. é o investimento em usinas produtoras de energia renovavel.Tem um estudo publicado na revista Scientific American Brasil que é possivel substituir toda a demanda de energia da humanidade por fontes renovaveis. Ate mesmo para os carros. Mas é preciso o apoio dos governos para fazer a troca da matrix energetica da humanidade. A energia fossil é barata a curto prazo, mas é cara a longo.A energia renovavel é cara a curto prazo,mas é barata a longo. Sem o apoio dos governos a competividade de custo a curto prazo impede o estabelecimento de usinas produtoras de energia de fontes renovaveis. Mas com uma porcentagem da população servindo de massa de manobra dos produtores petroleo e carvão, estes protegem seus lucros de Trilhões de dolares .
O que se vê é um constante bombardeamento de notícias falando de fatos que provam o aquecimento, a maioria delas é de divulgação de estudos científicos.
Os governos não querem fazer por motivos óbvios.
Será necessário gastar fortunas para mudar a matriz energética, fortunas que ninguém tem.
A grande maioria dos países europeus estão em austeridade porque as contas dos Estados estão no vermelho há horas, e no outro lado do Atlântico, os EUA estão na corda bamba do abismo fiscal, com contas no vermelho há horas também.
E quem sair na frente vai ter um custo operacional maior, os produtos ficarão mais caros que eram, e na busca de competitividade, mercados, etc, que garantem empregos e renda, ficarão para trás pelo maior custo de serviços e produtos. Energia é insumo básico para muitas atividades.
Ou seja, se todo mundo não começar a fazer a mudança da matriz energética junto, quem sair na frente vai perder competitividade, e ninguém quer isso porque vai piorar as contas públicas e os empregos.
Poucos países sairam na frente, por conta da grande pressão das sociedades, vide Alemanha e Dinamarca.
A Dinamarca tem um projeto ambicioso de estar totalmente independente do petróleo até 2050, daqui meros 40 anos. A Alemanha está investindo muito em biomassa e eólica, com intenções semelhantes a da Dinarmarca. Essas podem porque são eficientes, têm dinheiro em caixa e uma sociedade que cobra.
O resto do mundo é piada. Aqui a dona Dilma, que diz que tem dinheiro sobrando, prefere continuar investindo em hidroeletricas na Amazonia, afundando-a de água, do que investir em eficiência energética, pulverizar a energia elétrica a partir da solar dando subsídios para particulares gerarem a própria energia e a venderem o que sobra para as concessionáris e investir em eólica. Por que será?
Então esse velho discurso míope de conspiração está fora da realidade. O que falta, sim, é grana, os Estados estão quebrados e tocando o assunto com a barriga, adiando o máximo que podem.
Só uma pressão social como acontece na Alemanha e na Dinamarca para que as coisas andem, e lá existe pressão social porque o povo é instruido, bem formado e bem informado. Aqui o povo é ignorante, mal formado e não se interessa em se informar, quer mais saber quem vai jogar no domingo e o que vai passar na novela à noite.
falou tudo…
Se a meta global é impedir que o planeta se aqueça em mais de 2°C até 2100, os grandes emissores não podem esperar até 2099 para tomar uma atitude.
Isso tudo é na verdade como se fosse uma teoria Maia do fim do mundo. Só que travestida de modernidade. Não existe aquecimento global, na verdade, o planeta esfriará nas próximas décadas. Quem viver, verá!!
Claudio,
Os negacionistas do aquecimento global estão prometendo que o planeta vai esfriar desde a década de 1990, e ele está esquentando. Você realmente acha que não devemos confiar na ciência?
Vou lhe dar uma justificativa para o esfriamento: consistente e intenso aumento da atividade vulcânica.
Vou lhe dar uma segunda justificativa para o esfriamento: um novo “Mínimo de Maunder”, o sol entrar num periodo de baixa atividade por décadas.
Mas essas coisas são imprevisíveis.
Há estudos que dizem que o sol vai “desacelerar”, mas são estudos que estão mexendo com a ponta do conhecimento, e tudo que está na ponta do conhecimento há uma grande possibilidade de não estar “vendo toda a paisagem” (falta de dados mais precisos).