Coma chocolate e ganhe um Nobel
11/10/12 17:42SAIU ONTEM NO aclamado periódico científico “New England Journal of Medicine” e já está virando meme na internet uma pesquisa que relaciona o número de prêmios Nobel de um país com seu consumo de chocolate per capita.
O estudo, que exibe um delicioso gráfico sugerindo uma função linear onde se encaixam diversos países, indica que quanto mais chocolate uma nação come, mais gênios da ciência, literatura, política e economia ela abriga.
O trabalho propõe até mesmo uma hipótese para explicar a correlação. Os flavonoides, substâncias antioxidantes presentes no cacau, ampliam as capacidades cognitivas e ajudam a combater a manifestação precoce de demências. Logo, o consumo de chocolate faria a chance de um indivíduo ser laureado com o Nobel aumentar proporcionalmente.
Assinado pelo médico Franz Messerli, professor da Universidade Columbia, de Nova York, o trabalho parece ser na verdade uma crítica em forma de sátira, e imediatamente se tornou candidato ao Prêmio Ig Nobel. O estudo tem falhas óbvias de metodologia e certamente não seria aceito em um periódico científico de renome se não fosse para fazer piada.
O trabalho não incluiu, por exemplo, dados para o controle de influências externas sobre a incrível correlação. A suspeita mais óbvia é que a renda per capita faça crescer tanto a escolaridade média quanto o consumo de chocolate num país. Isso derrubaria a tese de que é a iguaria de cacau que alimenta o gênio dos ganhadores do Nobel.
Ainda não li manifestações dos editores do “New England Journal” sobre a publicação do estudo, mas suponho que ele seja uma espécie de protesto cômico contra uma situação trágica: a proliferação de trabalhos desimportantes na literatura médica, regurgitando correlações entre tudo o que se possa imaginar sem oferecer hipóteses coerentes.
Até mesmo um estudo com uma sugestão vaga de que o chocolate emagrece já foi publicado. Trabalhos médicos que relacionam o consumo de qualquer coisa à incidência de cânceres são publicados em escala industrial, muitos deles sem ter controle nem correlação significativa, e acabam virando notícia.
Mas, enfim, para não terminar o post em clima de “piada em debate”, traduzo abaixo alguns dos melhores trechos do estudo de Messerli:
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“Um aumento do desempenho cognitivo com extratos de polifenóis de cacau já foi relatado em ratos da linhagem Wistar-Unilever.”
“Que eu saiba, não existem dados publicados sobre a função cognitiva de nações. É concebível, porém, que o número total de prêmios Nobel per capita possa servir como um marcador indireto.”
“O único número possivelmente fora da curva no gráfico 1 é a Suécia [que não consome muito chocolate, mas ganha muitos prêmios Nobel]. (…) É impossível evitar pensar que o Comitê do Nobel em Estocolmo tem algum viés patriótico inerente quando avalia candidatos. Ou, talvez, os suecos sejam particularmente sensíveis aos efeitos do chocolate.”
“Uma segunda hipótese, a causalidade reversa —ou seja, que um desempenho cognitivo maior estimule o consumo de chocolate— deve ser considerada. (…) Parece improvável, porém, que o anúncio de um prêmio Nobel em si aumente o consumo de chocolate em um país inteiro.”
“Os dados presentes são baseados em médias de países, e o consumo específico de chocolate entre indivíduos ganhadores do Nobel no passado e no presente permanece desconhecido.”
Isso é só mera coincidência. Não se pode relacionar o chocolate, que é um alimento bastante calórico (se adicionado com outras substancias) com a capacidade cognitiva do ser humano. Se você perceber bem, os países que estão no topo do gráfico, são países de climas frios, ou seja, as pessoas passam mais tempo em casa, escola ou trabalho, estudando do que na rua bebendo e arruaçando, em consequência do frio que faz fora do local em que se encontra. Em compensação aos países de clima mais tropical, as pessoas não aguentam ficar em casa estudando, pois preferem usar o tempo e o clima quente para sair em festas, bares, praias, etc..
Claro que o clima não é responsável direto para o nobel, mas sim devemos refletir num modo de melhorar a educação de países atrasados como o brasil que pecam neste assunto. Sendo assim este estudo é mera coincidência.
Fábio,
A geografia dos países influenciou, sim, o seu desenvolvimento e, portanto, sua ciência. Isso não ocorre de uma maneira tão simples quanto você está dizendo, porém.
Se o frio por si só obrigasse as pessoas a ficarem em casa estudando, o Alaska seria uma potência científica dentro dos EUA, e não o é. Pare para pensar na California. Um estado de clima ameno e agradável, grande produtor de vinho, e onde não faltam opções de lazer. Ele é hoje provavelmente o lugar onde a ciência é mais forte dentro dos EUA.
Pense em tempos passados, também. A escrita que usamos hoje, a maior invenção da história intelectual humana, surgiu no Oriente Médio, outro lugar de clima ameno.
Os países mais desenvolvidos e com melhores índices de escolaridade estão hoje em regiões frias por causa de razões históricas e geográficas diversas, mas uma coisa não é consequência direta da outra.
Se você quiser saber mais sobre isso, recomendo o clássico “Armas, Germes e Aço”, do biogeógrafo Jared Diamond, que explica isso muito bem.
Rafael,
o Alaska não é uma potencia cientifica pois os recursos que os EUA mandam para o estado é muito escasso, na qual os americanos só estão la para afanar os recursos naturais que o estado contem.
Ja na California a ciência é forte la, por questões de logística e recursos financeiros, mas mesmo assim pense como é frio no inverno.
No oriente médio, onde surgiu a escrita, as pessoas não saiam muito pois o lugar na época era um deserto muito seco e quente. E a escrita foi uma invenção feita pelos arabes em virtude de organizar seu processo de trabalho.
Sendo assim a geografia do lugar tem consequência mesmo que indireta, em desenvolvimento cientifico. Claro que os estudos depende mais da capacidade do pais de ensinar o seu povo e a ter um sistema de gestão cientifica e um “plano de carreira cientifica” com os resultados aparecendo.
E obrigado pela recomendação do livro, vou procurar e ler a respeito.
Que coisa sem nexo. Alaska não é atrativo para pesquisadores irem morar por conta da qualidade de vida que terão, nem empresas nem universidades de ponta irão osra lá. Da mesma forma o Saara ou qualquer deserto. Essa é a visào correta.
Acho que você está se referindo ao livro do J. Diamond, Armas, Germes e Aço, que atribui às condições geográficas a dominação da civilização europeia. Estou certo?
Sim. Evandro. Está lá citado na resposta. O grande mérito do Diamond foi usar uma teoria coerente para delimitar até onde vai a influência de fatores geográficos sobre o desenvolvimento. Existe muita besteira dita sobre o tema, e o livro dele foi realmente um marco positivo.
..Logo,nunca serei agraciada com um Nobel pois não gosto de chocolate
(e o Brasil, hein??..ali no finalzinho da fila…)
O Nobel está relacionado diretamente a países que tem excelentes universidades, pesquisa de ponta, investimentos fartos em pesquisa, ciência, na liberdade de expressão literária, no incentivo a cultura e à ciência e, antes disso, onde há uma sociedade plural com grande qualidade de vida, com familias estruturadas que ganham bem, que alimentam bem os bebês desde o início da vida, de pais que responsavelmente colocam os seus filhos nas escolas e os mantém até o fim da formação, escolas que são muito melhores do que as dos países subdesenvolvidos. Nos países citados há toda uma estrutura favorável que facilita essa situação, não é óbvio?
Eu só veria algum fundamento se a pesquisa tivesse sido feita diretamente com os laureados. Eles realmente comem chocolate ou comeram chocolate em boa parte da sua vida? Com que regularidade? Quanto? Os dados poderiam contradizer essa pesquisa, dizendo que os laureados comeram uma outra vez ou que não comem, então isso desmontaria a pesquisa, até porque imagine o seguinte, olhem o absurdo, eles pegaram dados diretamente dos países, mas como se pode imaginar um país comendo chocolate e então passando aos laureados, como se fossem “vibrações pelo ar”, a criatividade, capacidade intelectual, conhecimento, etc.. para eles funcionarem mais?…rs..
A pesquisa do post não é significante, não considero de valor, a não ser que uma outra pesquisa, feita diretamente com os laureados, prove essa correlação.
Curioso esse paper. Existe um paper onde o autor analisa a correlação entre o crescimento de número de cegonhas e o número de bebês na floresta negra, Alemanha. O p-value obtido na análise também é pequeno, e a conclusão é que mais cegonhas reflete em um maior número de bebês. O paper é sério nos sentido que pode se extrair as mais variadas conclusões se a análise não foi feita apropriadamente.
Neste caso acredito que, como outros já comentaram, é um reflexo de quanto é investido em ciência pelos vários países em questão. Também, acho que pode se mostrar que o p-value é pequeno por causa da aglomeração de pontos na parte de baixo do gráfico. Se o ajuste for feito digamos na metade superior do gráfico, acredito que o p-value seria muito maior.
Um artigo interessante que vou guardar para a coleção para ensinar alunos a analisar dados.
上海時事】中国の食品会社、上海福喜食品が消費期限切れの肉を使った製品をマクドナルドなどに納入していた問題で、上海市食品薬品監督管理局は22日までに、同社が組織的に不正を行っていた証拠をつかんだもようだ。ledテープ 22日付の上海紙・新民晩報によると、管理局は期限切れ原料の使用を指示する文書を押収。同社の品質管理責任者も調べに対し、工場長以上の関与を認めたという。ledライト 同社の統括会社であるOSI中国は21日に出した声明で、問題は「個別の出来事」と主張し、会社ぐるみの不正を否定していた。led 蛍光灯 上海市当局によると、管理局は22日までに、市警察当局と共に進めている調査で、上海福喜の違法事実を暫定的に確定した。ledテープ 違法製品はチキンナゲット、ミニステーキ、豚ハンバーグなど5種類で、中国国内ではマクドナルドやピザハット、セブン―イレブンなどが使用していた.ledシーリングライト 上海福喜から鶏肉を仕入れていたファミリーマートの中山勇社長は23日、「私どもは信頼関係を裏切られた。国内ではお客様の信頼を裏切った」と陳謝した。led 蛍光灯 東京都内で記者団に語った。社長によると、ファミリーマートは3月、社員を現地工場に派遣、安全管理体制の点検を行った。発売前にも品質をチェックした。led照明 社長は「かなり厳しくチェックした中で起きたのでショックは大きい」と説明した。ledシーリングライト ファミリーマートは今月から販売している「ガーリックナゲット」「ポップコーンチキン」用の鶏肉を上海福喜から購入。led 蛍光灯 問題が発覚した22日、販売をやめた。日本マクドナルドも「チキンマックナゲット」の2割を上海福喜から仕入れていたため、同社製のナゲットの販売を21日から中止した。ledシーリングライト 【ハリコフ=三好益史、キエフ=工藤武人】マレーシア航空機撃墜事件で、ウクライナ東部の墜落現場で調査にあたっている全欧安保協力機構(OSCE)の報道官は22日、現場に残っている同機の残骸の一部に切断された形跡があることを明らかにした。