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por Rafael Garcia

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Bragg pai e Bragg filho - fatos e pensamentos

Por Rafael Garcia
23/03/12 03:05

William H. Bragg e W. Lawrence Bragg em selo sueco lançado em comemoração ao Nobel de 1915

Dois dias atrás, estive pesquisando a origem de uma frase famosa, muito citada por cientistas mundo afora, atribuída ao físico australiano William Lawrence Bragg (1890-1971):

“O importante na ciência não é tanto obter fatos novos, mas descobrir novas maneiras de pensar sobre eles.”

Eu achava que a frase poderia ser uma boa epígrafe para o blog, então tentei descobrir a origem dessa declaração de William Lawrence, que dividiu o Prêmio Nobel de Física de 1915 com seu pai, William Henry Bragg.

Pai e filho foram pioneiros da cristalografia de raios-X, técnica para investigar a estutura de moléculas complexas, que completa cem anos agora. O trabalho publicado em 1912 abriu caminho para outras pesquisas ganhadoras de Nobel, como a descoberta das estruturas do DNA e da hemoglobina, e ganhou aplicação também em física, geologia e outras áreas.

A famosa frase de W. Lawrence tem um significado especial para cientistas que creem em lampejos de genialidade, porque a invenção de 1912 surgiu de sua disposição para pensar de um jeito diferente. Em vez de observar moléculas e estruturas cristalinas diretamente, os Bragg procuravam ver como a radiação era refletida no material que estudavam. Estabelecendo um conjunto de parâmetros que ficou conhecido como Lei de Bragg, eles criaram uma ferramenta para determinar a estrutura de alguns tipos de molécula e, eventualmente, descobrir novos “fatos”. (Assim como o jornalismo, a ciência também vive de notícia, não só de análise.)

Depois de vasculhar livros e internet, porém, não consegui descobrir a origem da famosa frase atribuída a W. Lawrence em meio às 124 mil referências que a citação retorna no Google. Pior, fiquei ainda mais confuso ao ver que muitas fontes atribuem a declaração a William H., o pai.

Escrevi então uma mensagem para John Jenkin, historiador da Universidade La Trobe de Melbourne e autor da mais completa biografia dos Bragg (“William and Lawrence Bragg, Father and Son”, Oxford University Press, 2008). Mesmo intrigado com a questão, porém, ele disse não ter certeza sobre a origem da citação.

Como W. Lawrence foi o mais jovem cientista até hoje a ganhar o Nobel, aos 25 anos, teve muito tempo para dar entrevistas sobre seu trabalho, até morrer aos 81. Jenkin disse que às vezes é mesmo difícil rastrear informações sobre o cientista e me retornou uma simpática resposta:

Caro Rafael,

Que questão intrigante! Para mim, essa frase soa bastante como o sentimento que Lawrence Bragg expressou durante as muitas vezes em que falou sobre a descoberta da Lei de Bragg. Ele contava isso com frequência (encontrei 30 referências impressas) e quase sempre falava que a inspiração para observar a difração de raios x de uma maneira diferente –como reflexão– é que lhe dera sua grande idéia. E ele dizia o mesmo sobre a solução da estrutura de cristais.

Mas onde, precisamente? Infelizmente, todas as cópias dos artigos de Bragg que eu possuía foram doadas à biblioteca da Universidade de Adelaide, que fica um bocado longe de Melbourne, onde eu moro. Uma provável fonte da declaração é o programa de TV “50 Years a Winner”, que a BBC transmitiu em 1965, em comemoração ao 50° aniversário do prêmio Nobel de Lawrence e seu pai. Mas eu não tenho a transcrição comigo.

Se você puder citar a frase sem uma referência específica, tenho praticamente certeza de que o que escrevi no primeiro parágro está correto e adequado. Eu vou continuar procurando isso, mas é como achar uma agulha num palheiro!

Saudações,
John J.

Se algum historiador da ciência tiver interesse em voar para Adelaide para vasculhar esse material, então, fica a dica.

About Rafael Garcia

Rafael Garcia, 37, é colaborador da Folha em Washington (EUA). Formado em jornalismo pela USP (Universidade de São Paulo), foi bolsista do programa Knight de jornalismo científico no MIT (Massachusetts Institute of Technology) e editor-assistente na redação brasileira da revista “Scientific American”.
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Comentários

  1. Daniel Mensageiro comentou em 26/03/12 at 10:23 am

    Discordo caro amigo, praticamente de tudo o que disse. Seus comentários desdenham da divindade que não está mesmo “assistindo” a tudo aqui passivamente. A atuação divina atua de forma a dar as mentes que habitam esse planeta o dom de compilar e pensar de acordo com o que são verdades absolutas, ou compilar e pensar inverdades. Ciência é consequência dessa Lei, e também é uma questão pura de fé. Nenhuma mente “anda” sem fé. Fé são os motivos que impulsionam nossos pensamentos. Assim, sem ação de Deus, o que sobre na mente são pensamentos desconexos, isolados, sem utilidade cósmica. oriundos de vaidade, passível essa mente de ser “desligada”. Isso é a essência da ciência. Utilizá-la para glorificar a Deus. Esvazia-se assim a mente soberba e arrogante, desejosa de ser Deus, sendo pura e mera criatura.

    • Fred Abreu comentou em 26/03/12 at 11:31 pm

      Isso é apenas uma opinião pessoal baseada em uma fé pessoal. Não qualquer evidência da veracidade dos seus argumentos. O que existe de fato é que não há qualquer pretensão da ciência em alcançar uma pretensa verdade absoluta. Também não há pretensões de aproximação com qualquer deus. Ciência e religião são sistemas de conhecimento distintos quanto ao objeto de estudo e quanto ao método de construção do conhecimento. A fantasia de uma ciência que caminhe de braços dados com a religião não passa de pseudo-ciência para vender livro e programas de TV.

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